sábado, 2 de maio de 2009

Cinco minutos.

Estava monótona a explicação
naquele outono de abril fresco,
palavras ásperas desde o começo
e o burburinho de animação.

Ela estava sentada, interessada,
desejando apagar os erros de outrora;
não que não quisesse ir embora,
mas parecia firme em sua razão.

Saiu do canto, sentou-se à minha frente;
no meio de tanta gente, me despertou
a atenção imediata do observador
calculista, libidinoso, hormonalmente coerente.

Camisa branca, mangas sobrepostas
à blusa preta e justa de tricot,
harmoniosamente compondo com o jeans
surrado, mas honesto à proposta.

Levantou-se, fechou a janela,
era só ela naquele momento
e o vento bagunçou seus negros cabelos
sobre os marcantes óculos marrons.

Sentou-se novamente, cruzou os braços,
inclinou-se sobre a cadeira de forma a revelar
os pequenos laços de sua calcinha branca
que, de forma inocente, se fazia presente, ligeira.

Exuberantes coxas, longas pernas,
caprichosamente delicadas, entrelaçadas,
e um calçado pé trinta e quatro e meio
nos all-stars pretos, sujos, batidos e até feios.

Virou-se de frente, por um instante,
e, como avalanche, o encanto se foi.
Já não era mais tão interessante
ao imaginário do observador.

Sem explicação. Foi bom enquanto durou.

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