terça-feira, 31 de março de 2009

Sobre aquilo.

A pretensão superior
de quem se julga capaz
de definir o amor
com três palavras ou mais
se faz vazia e simplista.

A artimanha, tão comum,
do poder de sintetizar
um sentimento, só mais um,
porém complexo e plural
está fadada a fracassar.

Talvez porque no vai-e-vem
de quem tudo quer e nada tem,
tudo vem e nada comove
o gélido imaginário
conservador e conformista.

O homem médio só é médio
se não consegue resolver
a equação mais importante;
simples conta a fazer.

Numa ponta, o amor
e na outra, a solidão;
se compara toda a dor,
o deserto, o sim e o não,
e se chega à conclusão:

Não se brinca com o tema,
e não será um medíocre poema
que vai curar mais esta dor
ou resolver a questão.

sábado, 21 de março de 2009

Verdade.

Minha tristeza é verdadeira.

Verdades são ditas;
palavras proferidas
com a intensidade
de um furacão nível mil.

Falácias consistentes;
pessoas insistentes
em pronunciar
o que é doloroso.

Verdadeiramente doído;
ruído de sinceridade
incoerente, muitas vezes,
mas essencialmente real.

Não quero crédito, quero incrédulos.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Nós.

Poderia acontecer,
se tudo não tivesse
acontecido desta forma.

Para nós,
bastaria um passo ousado
na dança do sentimento.

Conservadores que somos,
nos negamos a fazer
o que seria melhor
neste momento.

Desconfortáveis correntes
de coerência tola
amarradas aos nossos corações.

Sem razão, criamos
a distância que nos separa
baseados em convenções.

Oxalá fôssemos
menos perfeitos por hoje;
fôssemos mais humanos.