São bem-entendidos que discutimos
em rodas de papo-furado; rosto
a rosto lavado; levado na lábia
da (suposta) sábia persona; astuta
proposta de mútua paz interior.
Os mal-explicados assuntos, jogados
em esfumaçados verbetes, são fiados
lembretes que jamais serão honrados;
serão usados, cuspidos e pisados
em tempo real, sem falso pudor.
Descalço, o temor de furar a sola (do pé),
pisar na bola, é maior, e o pior
calor de todos é o frio na espinha
da consciência; quando já está feito,
não tem jeito, não tem peito que não doa.
Ficar à toa é a ciência de estar
o tempo todo pronto a não fazer nada
de chato, de bom ou proveitoso; é ficar
manhoso a toda obrigação; é estreitar
toda ligação afetiva barata e ôca.
O movimento da boca assume papel-chave;
bons gostos, bolas dentro, p'ra fora,
na trave e comentários diversos; alguns
versos ao quadro, alguns tratos
mal-fechados, muitos olhos bem abertos.
De certo modo, nada errado entre aqueles
que se propuseram a jogar, olhar,
comentar o jogo rolando, o pau comendo,
cantando no meio-de-campo, no núcleo
do círculo central da pegada peleja.
A cereja do bolo é cefaléia proveniente
do coquetel de orgulho, dissimulação,
culpa, perdão e urgência; a carência
fica p'ra escanteio; e o receio de perder
jogando bem, não existe ou já ficou p'ra trás.
Nossa, Felipe...
ResponderExcluirAdorei mil vezes o teu poema.
Uma ode aos bons e descompromissados encontros. Ao prazer do ócio, muito bem acompanhado. A tudo que não esta nessa louca ordem em que vivemos de produzir-consumir incessantemente.
Beijos, querido
Mônica
boa meu chapa!
ResponderExcluircurti o terceiro bloco
abraco
Caiu na rede é peixe, bróder.
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