quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Malícia.

Tenhas modos: modules
tua voz ao te dirigires;
formules sentenças moldadas
na ponta de tua língua e te vendas
como queres; mas, te queiras dos olhos
de quem compra-te por voluptuoso desejo.

Sejas polido no início, suavemente raso,
incisivo na ideia central; verdadeiro
na (co)medida-sedutora-falsidade, cru
na essencial indecência da hora
-pode ser agora, se quiseres-
e mires sempre o teu real.

E a realidade vem cega, vil,
viril, animalesca, sedenta,
sangrenta, às vezes, vulgar;
tudo é lugar p'ra tudo, não há
escudo pr'alma nesse saboroso
duelo de tara; elo de rara malícia.

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