segunda-feira, 20 de junho de 2011

De um (dia) quase-vivo.

Não tem fim, nem escape;
é num labirinto de medos
em que trafego em horas
como estas, tão rudes.

Construí essas muralhas
de irracionalidade,
e de nada vale tanto pesar
se ainda vivo, preso, inerte.

O flerte com a morte
é evidente; a premissa
de um moribundo é da Terra
pouco exigir: apenas que o leve - logo.

E corre ao contrário o relógio
do mal(-)habitante; transforma
dias em séculos, noites em eras
que nada são, senão meras inseguranças.

Não há fibra que aguente;
e quando chega a fadiga, traz
junto consigo a razão - promovendo
a arte de saber esperar a enxurrada.

O que restam, enfim, são cacos,
partidos ladrilhos, destroços
de pedras; tijolos que guardo
para, um dia, edificar minha fortaleza de paz.

4 comentários:

  1. Belo poema,mon amour!Muito boa a penúltima estrofe...Muitos beijos, Carol

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  2. lindas palavras, felipe. perfeitas para uma terça que começa.
    peço licença para roubá-las... =)

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  3. putz... já cheguei a pensar que ía morrer de tanta dor, mas nunca flertei com a morte. não gosto dela e espero que ela não se interesse por mim tão cedo!


    :D rs



    bjs, querido.

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  4. "Partidos ladrilhos, destroços de pedras".
    Eu adoro essa sonoridade! São palavras que quebram na entrada do ouvido da gente.

    Muito bom.

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