terça-feira, 9 de setembro de 2014

O culto.

O culto nada
cultua, senão
o próprio aro;
a cerca da sua
teia, o raro til
da sua veia-ermitão
de inacabadas vilas.

Oculto, celebra vilãs
às suas insossas anedotas;
trafega no vão entre o útil
e o recomendável; faz de sua
criação mera peça vendável, vil
desejo de reparação às horas a fio
no intento narcísico de qualquer eco.

Vaga de linha em linha, repleto de rima
reta; remenda sua curva mente de cultura
azeda; veda os ouvidos ao novo; dá de ombros
ao infinito e desce a ladeira da encarceração.

2 comentários:

  1. Bom ter voltado a escrever (se é que parou, se é que é possível parar); lembro quando disse-me meses sobre de suas referencias e ascendencias literarias mas é sempre muito bom ver algo além, que é aquele esforço de criação no tom do texto, onde percebemos uma concentração de palavras e sentido - o quanto de tempo meditado em certas passagens: "o raro til / da sua veia-ermitão / de inacabadas vilas."; góngora foi acusado, erroneamente, de ser hermetico, fechado dentro de suas construções inacessíveis como nas soledades "media luna las armas de su frente, / y el Sol todos los rayos de su pelo" porque na verdade, o sentido mais superficial ja muito cansado pelos séculos, a paisagens psiquicas reminiscente de coraçao, flores, sol e lua perderam o vigor e é precisor renova-las, as vezes, até, por outras palavras...

    um grande abraço

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