segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Reflexo.

É desespero; a totalidade
não se quer; nada se espera
senão um suspiro sincero; tudo
é reflexo no espelho suspeito.

Bate forte o pulso, mãos trêmulas;
todo susto é perdoável; não existe
errado nem certo; nem de perto
me reconheço nessa falha cadência.

Consumo tudo o que é barato; de nada
aproveito; no imaginário, só o futuro;
que o presente seja atropelo e que dos cacos
seja feito um mosaico de verdades nunca reveladas.

Está feito; se bem ou mal, pouco importa; já partiu
esse barco; balançou na maré dos erráticos, navegou
na fantasia dos românticos, enfrentou a tempestade
dos céticos e, no espelho d'água, viu toda sua verdade
naufragar.

3 comentários:

  1. gosto quando alguém tem a coragem de nem mesmo apoiar-se sobre o próprio desengano... então onde apoiar? "nada se esperar senão um suspiro sincero"... o que estes cinco sentidos apreendem, resignados (logo de partida?)... não!.. muito antes.

    um abraço

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    1. Tua percepção às vezes é tão certeira que quase me convenço que só consigo compor poemas muito nus. Será?

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    2. Pode ser também que a tua escrita me aproxima muito como leitor também, e talvez seja voce que polarize pessoas assim pelas tuas escolhas, pelo mesmo motivo venho aqui ler seus pensamentos e ideias em forma de verso

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