terça-feira, 30 de março de 2010

Tempestade.

Se hoje nada faço
é porque cada passo
que dou, parece
não fazer diferença
frente à crença
no que já conheço.

Desde o começo
eu já sabia
que sempre que é dia
tudo floresce;
e, à noite,
o real adormece.

E o sonho aparece, é verdade.

Tristonho, esqueço
das horas felizes
em que nossas raízes
pareciam capazes
de resistir
a qualquer tempestade.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Desgosto.

Cá estou, novamente
sozinho, recolhido
em meu ninho,
reprimindo o ausente
sentimento perdido.

Ressentimento, não tenho;
de onde venho
e pra onde vou
não há espaço
para mais lamento.

Ainda que me lembre
de todo o ouro, toda a prata,
das sempre ingratas
jornadas inacabadas
de imenso amargor.

Mesmo que me esqueça
de tanto amor
empenhado, desperdiçado
em noites intermináveis
de momentos desagradáveis.

Até que me recomponha
de tamanha solidão
e alguém me estenda a mão,
sob meu rosto, minha fronha
enxugará as lágrimas do desgosto.