terça-feira, 23 de novembro de 2010

Sonomalemolência.

Nervoso, o impulso erra
o alvo; torna-se avulso
o diário calvário; confuso
itinerário de ruas sem saída;
uma noite perdida e um dia
condenado, em desuso; abuso
de inútil esforço; aleatório
remorso; notório pesar de existir.

Já se foi a feira, a derradeira
noite e a segunda, inundada
em água e angústia; ânsia
por descanso e recomeço,
pelo próximo e certeiro passo;
que não seja vã mais essa
página do vigésimo-oitavo
capítulo deste livro inacabado.

Está baixa a maré; parece
navegar de marcha à ré
toda a trama; converte-se
em drama a comédia de ser,
e nada construo, desde então,
senão um edificante desprazer
representado em alguns pares
de versos: anexos à minha dor.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Bill.

Billy, the fire, burns;
queima como queimada na fauna
intestinal; aflora tudo
o que é desconforto externo,
interno, paralelo; rejeita
a travessa de frutos silvestres
e a carne virgem e macia.

À noite, repousa o tronco;
tora verde, não-combustível
a esse fogo iminente
que, quando vem, torra tudo
o que vê pela frente, por trás
dos panos, cortinas, lençóis;
fervente energia equivalente
a nove sóis a pleno vapor.

Não sente dor, nem prazer;
apenas mantém as vitais funções;
a duras penas, obtém permissões
de parcial usufruto do corpo
que habita, do espaço que orbita,
da alma que, livre, levita
no antigo cenário de carnais
diversões, inúteis ilusões;
questões como "ser ou morrer".