terça-feira, 2 de outubro de 2012

Que a ficha (limpa ou suja) caia.

Não existe alternativa
p'ra essa democracia
tradicional, neo-liberal;
a eleição do jornal
é a voz do povo, e a pesquisa
direciona a escolha divina
de duas ou três figuras,
inaugura a nova moldura,
pasteuriza anseios, minimiza
devaneios ideológicos.

Fidalgos, empresários,
industriais e sujeitos
normais, passíveis de desejos
de posse, de poderes
imperiais, podres facetas,
facilidades em terras de zé
ninguém, embelezam suas faces,
escancaram vergonhosas, falsas
qualidades incomuns ao cidadão
coletivo, vivo e impotente.

O apelo é grande, empurrado
guela abaixo no consumidor
de televisão e rádio; o modelo
de representatividade é fantasioso,
na verdade, um gostoso sabor
de isenção, transferência
de responsabilidade, dentro
das mudas bocas da enorme
maioria de zumbis-alienados,
ensinados a respeitar o trabalho vão.

Falta pão nesse circo, sobra
mão nessa massa violada, renda
acumulada, mentira deslavada,
lavagem de dinheiro e p'ra comer;
o chiqueiro está cheio de porcos
famintos por algum privilégio,
algum colégio eleitoral
que chancele a farra toda; a marra
que não sai de moda, que as fracas
garras da opaca lei não querem punir.


Publicado originalmente em 17/09/2010 em "Le Cadavre Exquis" (http://bundalelecadavreexquis.blogspot.com.br/2010/09/eleicoes.html)