É desespero; a totalidade
não se quer; nada se espera
senão um suspiro sincero; tudo
é reflexo no espelho suspeito.
Bate forte o pulso, mãos trêmulas;
todo susto é perdoável; não existe
errado nem certo; nem de perto
me reconheço nessa falha cadência.
Consumo tudo o que é barato; de nada
aproveito; no imaginário, só o futuro;
que o presente seja atropelo e que dos cacos
seja feito um mosaico de verdades nunca reveladas.
Está feito; se bem ou mal, pouco importa; já partiu
esse barco; balançou na maré dos erráticos, navegou
na fantasia dos românticos, enfrentou a tempestade
dos céticos e, no espelho d'água, viu toda sua verdade
naufragar.