sábado, 25 de abril de 2009

Mel.

O mel do teu sorriso corrige
todos os traços imperfeitos
humanos, por concepção,
e inibe a crítica natural.

Naturalmente angelical,
teu jeito se faz confortável
a todos que, ali presentes,
contemplam a cena pontual.

Timing perfeito e posição exata
do que é importante ao momento
para as pessoas que, embasbacadas,
invejam o que observam.

Que injustiça é essa, que exclui
os normais e destaca, notadamente,
os excepcionais por natureza,
definindo, assim, a perfeição?

Só nos resta admirar e esperar
por atos menos imperfeitos
diante do choque imediato
de uma situação desigual.

Talvez se esperássemos menos,
se tentássemos mais e melhor,
seríamos mais felizes juntos
e mais juntos diante da felicidade.

Será?

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Ambigüidade.

A ambigüidade entre o que se pensa
e o que se faz, se manifesta de forma
a tolir qualquer resto de auto-estima
e sentimento de credibilidade própria.

Ambigüidade com trema pra quem
diz que não treme quando colocado
em cheque numa bifurcação
de ritmos diferentes de encarar o tempo.

O vento despenteia os organizados
cabelos de lucidez da personalidade
de alma ambígua e dispersa,
e nada resta a seguir.

Seguindo a linha do instinto feroz
dos altos e baixos de almas cruas,
mulheres nuas povoam o imaginário
ambíguo de quem tudo tem e nada quer.

Também nada faz para ter;
apesar de muito querer por dentro,
não encontra o centro do pensamento,
ambiguamente perdido em seu interior.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Anestesia.

De nada adianta toda essa festa,
toda essa ginga, toda essa farra,
se as amarras que me prendem
são da natural anestesia.

Um misto de euforia e indiferença,
depressão e esperança,
de quem não quer misericórdia,
mas muito espera do apoio alheio.

No esteio das relações laterais
nada mais me entristece
do que o impedimento moral,
barreira de proteção desigual.

Focado e confuso, coeso e difuso,
o discurso se encaminha
para um método alternativo
e disperso em palavras, idéias.

Não há objetividade ao anestesiado,
ao passo que nada dói e nada cura,
nada amanhece a noite escura
da eternamente chuvosa tarde dominical.