Não quero mais que leia meus poemas
para que levante enigmas
sobre a veracidade dos fatos
ou a intensidade dos atos
nestes relatados com tanto afinco.
Não minto, apenas escrevo
o que sinto no momento
em que me debruço sobre o mar
de idéias irrelevantes
acerca de fantasias humanas.
Cotidianas pequenas peças dramáticas
encenadas no palco do tempo linear,
e preocupadas em transformar sonhos
em realidades menos dolorosas
ao esforçado protagonista.
sábado, 30 de maio de 2009
domingo, 24 de maio de 2009
Sonhos iguais.
Minhas madrugadas são como discos riscados.
Repetem a mesma trilha,
seguidamente, sem aparente
sinal de mudança em curto prazo.
Minha mente está viciada
em produzir o mesmo sonho,
real desejo, porém sem sequer
lampejo de realização imediata.
As datas se sucedem, continuamente,
como se vivesse o mesmo dia
por uma, duas, três semanas
na agonia do observador
faminto pelo que sente.
Estático, só tenho sonhos iguais.
Repetem a mesma trilha,
seguidamente, sem aparente
sinal de mudança em curto prazo.
Minha mente está viciada
em produzir o mesmo sonho,
real desejo, porém sem sequer
lampejo de realização imediata.
As datas se sucedem, continuamente,
como se vivesse o mesmo dia
por uma, duas, três semanas
na agonia do observador
faminto pelo que sente.
Estático, só tenho sonhos iguais.
terça-feira, 19 de maio de 2009
Dor.
Sua presença é tão próxima,
íntima, nítida, envolvente,
que mal me dou conta
de que o que sente
é real e dolorido.
Um grito sofrido de quem
morre silenciosamente
na penumbra da solitária
em que cumpre pena
por crime de amor perpétuo.
O afeto de palavras banais, mas sinceras,
que pronuncio naturalmente, sem pudor,
te causa dor e prolonga a agonia
dos longos dias sem novidades relevantes
ao roto coração que vive às cambalhotas.
Histórias idiotas ao ouvinte comum,
para você, são como mutilações contínuas
de sonhos desenhados a lápis-de-cor
em guardanapos que limparam minha boca
pouco antes de beijar seu triste rosto.
íntima, nítida, envolvente,
que mal me dou conta
de que o que sente
é real e dolorido.
Um grito sofrido de quem
morre silenciosamente
na penumbra da solitária
em que cumpre pena
por crime de amor perpétuo.
O afeto de palavras banais, mas sinceras,
que pronuncio naturalmente, sem pudor,
te causa dor e prolonga a agonia
dos longos dias sem novidades relevantes
ao roto coração que vive às cambalhotas.
Histórias idiotas ao ouvinte comum,
para você, são como mutilações contínuas
de sonhos desenhados a lápis-de-cor
em guardanapos que limparam minha boca
pouco antes de beijar seu triste rosto.
sábado, 2 de maio de 2009
Cinco minutos.
Estava monótona a explicação
naquele outono de abril fresco,
palavras ásperas desde o começo
e o burburinho de animação.
Ela estava sentada, interessada,
desejando apagar os erros de outrora;
não que não quisesse ir embora,
mas parecia firme em sua razão.
Saiu do canto, sentou-se à minha frente;
no meio de tanta gente, me despertou
a atenção imediata do observador
calculista, libidinoso, hormonalmente coerente.
Camisa branca, mangas sobrepostas
à blusa preta e justa de tricot,
harmoniosamente compondo com o jeans
surrado, mas honesto à proposta.
Levantou-se, fechou a janela,
era só ela naquele momento
e o vento bagunçou seus negros cabelos
sobre os marcantes óculos marrons.
Sentou-se novamente, cruzou os braços,
inclinou-se sobre a cadeira de forma a revelar
os pequenos laços de sua calcinha branca
que, de forma inocente, se fazia presente, ligeira.
Exuberantes coxas, longas pernas,
caprichosamente delicadas, entrelaçadas,
e um calçado pé trinta e quatro e meio
nos all-stars pretos, sujos, batidos e até feios.
Virou-se de frente, por um instante,
e, como avalanche, o encanto se foi.
Já não era mais tão interessante
ao imaginário do observador.
Sem explicação. Foi bom enquanto durou.
naquele outono de abril fresco,
palavras ásperas desde o começo
e o burburinho de animação.
Ela estava sentada, interessada,
desejando apagar os erros de outrora;
não que não quisesse ir embora,
mas parecia firme em sua razão.
Saiu do canto, sentou-se à minha frente;
no meio de tanta gente, me despertou
a atenção imediata do observador
calculista, libidinoso, hormonalmente coerente.
Camisa branca, mangas sobrepostas
à blusa preta e justa de tricot,
harmoniosamente compondo com o jeans
surrado, mas honesto à proposta.
Levantou-se, fechou a janela,
era só ela naquele momento
e o vento bagunçou seus negros cabelos
sobre os marcantes óculos marrons.
Sentou-se novamente, cruzou os braços,
inclinou-se sobre a cadeira de forma a revelar
os pequenos laços de sua calcinha branca
que, de forma inocente, se fazia presente, ligeira.
Exuberantes coxas, longas pernas,
caprichosamente delicadas, entrelaçadas,
e um calçado pé trinta e quatro e meio
nos all-stars pretos, sujos, batidos e até feios.
Virou-se de frente, por um instante,
e, como avalanche, o encanto se foi.
Já não era mais tão interessante
ao imaginário do observador.
Sem explicação. Foi bom enquanto durou.
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