quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Quadrado.

Vejo quadrados iguais
de partes diferentes
do mesmo antiquado
formato de ângulos
retos, pontiagudos, diretos,
que lembram lugares normais.

Vejo pessoas banais
de pensamento raso,
que mostram descaso
com o (des)entendimento
do que há de mais simples
nas páginas dos jornais.

Quero a substância mais crua,
e que a verdade nua
seja trazida à tona
em meio à fumaça
da lona queimada
pela engrenagem da vida.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

O novo.

Se só agora te desvendo,
de uma vez por todas,
é porque entendo
que já está na hora
de me ocupar contigo.

Prefiro descobrir cada tom,
cada cheiro, cada som
e o gosto especial
de maneira natural,
cada parte em seu tempo.

Se antes me neguei a te ouvir
foi por me sentir incapaz
de forjar satisfação
pela sensação proporcionada
pela tua presença, forçada.

Agora, me sinto leve o suficiente
para me entregar ao desafio
de, contente, te absorver
de forma livre e plena
e, sem fazer cena, curtir.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

"Madness".

Tanta energia empenhada
e quase nada colhido;
muito tempo perdido
pensando em maneiras
de tornar segundas-feiras
sábados, domingos,
para, então, ligeiramente,
descobrir o colorido
de cada um dos dias,
separadamente.

Desperdício? Talvez;
mas, o aprendizado,
malfadado esforço
fundamentado
no princípio do erro
assimilado, corrigido,
pela atitude dirigido
rumo ao bom senso,
é consenso geral
de sabedoria.

Contudo, jamais quero
ter o desgosto reto
de me privar do direito,
preceito básico de quem cria,
de ter a alegria
do momento de insanidade,
sem ter que me preocupar
com a intensidade
do instante citado,
e para que não seja ignorado
seu poder transformador.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Umbigo.

Só porque me considero
mais importante que tudo,
um austero traço egoísta
em meu mundo minimalista,
não me importo contigo.

Não me importo com ninguém;
se alguém se oferece,
me aproveito até o fim
da tola, parca e fulgaz
bondade sincera, mera ferramenta
utilizada para o meu prazer.

Não quero te fazer sofrer,
mas também não pretendo dizer
o que sinto, assim, de mão beijada,
porque, antes de mais nada,
sei que ainda tens muito a me dar.

Sua preocupação, a mim, nada significa
senão a certeza de que amanhã
não será vã a minha busca;
tua admiração, tão grande,
ofusca tua visão racional.

Nada mal para alguém
que pouco luta, muito hesita,
e nada evolui na burra malícia;
que pensa que não dá pista,
e que mais se assemelha a um parasita.