quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Quente.

Derrama todo esse vinho
em nosso ninho de cobra
criada, dotada de toda
destreza, leveza, beleza
de ver, pegar, sentir.

Reclama de tudo o que pode
e foge de nada que vê;
relembra o que pensa
toda vez que não há nada
a lamentar, só a fazer.

Engana toda alma crua
que encontra na rua
perdida, sozinha, varrida
no vento da noite nua
da libidinagem, tua.

Ama, transpira, voa
e fica à toa na tarde
quente; emergente hora
de pôr pra fora
o que sufoca a mente.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Melodicamente.

Dormir agora
pode não ser a coisa certa
a se fazer,
quando o que parece mais atraente
é seguir a linha.

Repetir o mesmo erro,
é burrice,
é cair na mesmice
da lógica cômoda
de ser maniqueísta.

Minimizar a questão
é fugir desse vão
de pensamentos
agressivos, corrosivos
ao bem comum.

Facilitar os desejos
é apenas o meio
que se encontra
para induzir os lampejos
de reflexão.

Solapar o que sente
é a medida que se toma
para respirar
e sentir a angústia
de quem quer terminar.

Lamentar, simplesmente,
é estagnar o processo
de maturação da ideia
que, no fim de tudo,
pode te salvar.

, se puede!,
vou gritar,
para que assim
possa deitar-me na rede
da estafa mental.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Se.

Se me calam,
eu calo a boca
de todos,
com a dor de quem
é pisado no calo
mais saliente do pé.

Se me amarram
as mãos,
provocam minha mente
com a eficácia
de quem sente
subir a maré.

Se me dizem
"siga em frente",
no momento, eu paro
penso, mexo
e, com calma aparente
começo a dar marcha ré.

Se me privo
do direito de expor
o que vejo, sinto,
não preciso que me façam nada;
me conformo, me paraliso,
me deito, durmo, morro.