terça-feira, 31 de julho de 2012

Me ouves?

É de morrer de angústia,
é de ficar à ústia, por dentro;
da casa-razão desertar, megulhar
no deserto de boas intenções.

É de tomar sermões como verdades;
como vaidade, tomar cerveja, tomar
da cereja o bolo, tomar milhões 
de tolos como mestres da sabedoria.

É de levar no dorso, de sentir 
remorso; de ficar no encalço 
e perder a trilha; de aportar
o casco e dormir na ilha.

Piano, piano, si va lontano:
é demasiado-lento, nada suave,
réquiem para a infância...
Edipiano.

terça-feira, 24 de julho de 2012

Bota fé.

Joga-te ao campo, corre,
conhece os cantos, os meios
de fazer a jogada
e chutar para o gol.

Lança-te à frente, conta
com a gente que te quer;
contigo está a bola
e faz o que puder com ela.

Faz carinho, dá carrinho
no adversário, abala
a confiança rival:
deposita esperança nesse pé.

O jogo é como é, mas bota
rumo nesse passe, bota
veneno nesse levantamento
de bom destino.

Perder é normal, mas tua bola
é pra mais, tua bola ganha
o mundo, se, a veras, quer.

Bota fogo no clássico,
bota a bola no chão:
bota fé.